domingo, 29 de novembro de 2009

Inclusão - Cegueira Total

PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS NA REDE REGULAR DE  ENSINO

Lucimar Vieira do Nascimento



      No Brasil os discursos a respeito da inclusão escolar se destacaram durante a década de 90 pelo crescimento de um modelo democrático de educação e pela formulação de leis que defendiam a prática de todas estas ideias. Isto se refletiu na exigência de mudança dos sistemas educacionais então vigentes buscando romper com um modelo educacional que possuía uma lógica excludente, por ignorar as diferenças de seus alunos e, não prever nenhuma medida educacional para dar conta delas. Para que a inclusão escolar seja realmente efetiva, as determinações legais não são suficientes, sendo. necessárias mudanças profundas e importantes no sistema de ensinoA questão da inclusão reforçou a necessidade da escola repensar seu papel e suas práticas e de apoiar um dos atores mais importantes nesse processo, o professor.


      O desenvolvimento da percepção tátil, é de fundamental importância no desenvolvimento educacional desses alunos.  A modalidade tátil se desenvolve por um processo de crescimento gradual. Esse processo é sequencial e leva as crianças e os jovens com cegueira total ou visão subnormal, de um reconhecimento simplista a uma interpretação complexa do ambiente. Os pais e educadores têm um papel importantíssimo, neste processo porque estimulam o desenvolvimento das crianças cegas desde a infância. Mais ainda, como responsáveis por crianças cegas, eles devem continuar a dar ênfase ao desenvolvimento tátil durante toda a vida destas crianças, já que essa é a base para os níveis mais altos do desenvolvimento cognitivo.  Um melhor entendimento da modalidade tátil deve servir para a compreensão clara de como as modalidades se interpenetram, para auxiliar o conhecimento do eu na relação com o ambiente. Sendo que  o desenvolvimento sistemático da percepção tátil é essencial para que os cegos cheguem a desenvolver a capacidade de organizar, transferir e abstrair conceitos. Com a maior disponibilidade de material em Braille, o conhecimento das limitações da modalidade tátil será essencial para determinar as opções de aprendizado para crianças e jovens cegas, procurando adequar os recursos pedagógicos à necessidade do aluno.


      Segundo Cerqueira e Ferreira (2000), recursos didáticos são todos os recursos físicos, utilizados com maior ou menor frequência em todas as disciplinas, áreas de estudo ou atividades, sejam quais forem as técnicas ou métodos empregados, visando auxiliar o educando a realizar sua aprendizagem mais eficientemente, constituindo-se num meio para facilitar, incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem. De um modo genérico, os recursos didáticos podem ser classificados como:

  •  Naturaiselementos de existência real na natureza, como água, pedra, animais.
  • Pedagógicos: quadro, flanelógrafo, cartaz, gravura, álbum seriado, slide, maqueta.
  • Tecnológicos: rádio, toca-discos, gravador, televisão, vídeo-cassete, computador,ensino programado, laboratório de línguas.
  • Culturais: biblioteca pública, museu, exposições.

      Na educação especial de deficientes visuais, os recursos didáticos podem ser obtidos por uma das três seguintes formas:


Seleção: Dentre os recursos utilizados pelos alunos de visão normal, muitos podem ser aproveitados para os alunos cegos tais como se apresentam. É o caso dos sólidos geométricos, de alguns jogos e outros.


Adaptação: Há materiais que, mediante certas alterações, prestam-se para o ensino de alunos cegos e de visão subnormal. Neste caso estão os instrumentos de medir, como o metro, a balança, os mapas de encaixe, os jogos e outros.


Confecção: A elaboração de materiais simples, tanto quanto possível, deve ser feita com a participação do próprio aluno. É importante ressaltar que materiais de baixo custo ou de fácil obtenção podem ser frequentemente empregados, como: palitos de fósforos, contas, chapinhas, barbantes, cartolinas, botões e outros.


      Com relação ao uso, os recursos devem ser fartos  para atender a vários alunos simultaneamente. Variados  para despertar o interesse da criança, possibilitando diversidade de experiências e significativos para atender aspectos da percepção tátil (significativo para o tato) e/ou da percepção visual, no caso de alunos de visão subnormal.
      Quando se trabalha com deficientes visuais os recursos didáticos devem ser selecionados de acordo com alguns critérios:

  1. Tamanho: os materiais devem ser confeccionados e selecionados em tamanho adequado às condições dos alunos. Materiais excessivamente pequenos não ressaltam detalhes de suas partes componentes ou perdem-se com facilidade. O exagero no tamanho pode prejudicar a apreensão da totalidade (visão global).
  2. Significação Tátil: o material didático  deve                   possuir  um relevo perceptível, de diferentes texturas para melhor destacar as partes componentes. Contrastes do tipo: liso/áspero, fino/espesso, permitem distinções adequadas.
  3. Estimulação Visual: os recursos didáticos deverá apresentar cores fortes e contrastes para melhor estimular a visão funcional do aluno deficiente visual.
  4. Fidelidade: o material deverá ter sua representação tão exata quanto possível do modelo original.
  5. Facilidade de Manuseio: os materiais didáticos devem  ser funcionais e de manuseio fácil, proporcionando ao aluno uma prática utilização.
  6. Resistência: os recursos didáticos devem ser  confeccionados com materiais que não estraga com facilidade, considerando o frequente  manuseio pelos alunos.
  7. Segurança: os materiais não poderá oferecer perigo para os educandos.

  Podemos dizer que a inclusão escolar de alunos com deficiência visual ainda não é efetiva nas escolas publicas. É até possível colocar  um cego numa classe comum de escola, porém os livros são todos impressos em papel. Diante disso  o aluno pode utilizar a tecnologia Braille para copiar e fazer seus trabalhos escolares, mas isso esbarra em pontos chaves:raríssimos professores sabem Braille; - sem o apoio de pessoas voluntárias (por exemplo a própria família) que se disponham a ler os livros impressos comuns, o cego ficará restrito à informação verbal transmitida pelo professor.  



Um comentário:

  1. Este é um texto escrito pela professora Lucimar a partir das leitruas feitas a respeito da inclusão na educação pública, voltada para pessoas portadoras de "Cegueira Total".

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